UNIRIO
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Centro de Letras e Artes
Departamento de Teoria do Teatro
Crítica Teatral Ensaística (CTE - 2008.1)

25.4.08

Breve divagação


A prática teatral solicita por si só algo que me parece uma singular especificidade: O coletivo. Entender esse coletivo não significa somente construir um espetáculo em que há mais de um ator está em cena,e uma equipe por trás.O coletivo, ao meu ver, implica na associação espetáculo/público, ator/espectador. Esse ato coletivo, de pessoas reunidas em um lugar e hora determinados, é, por si só, um ato político. O grupo, na experiência teatral, são as várias vozes singulares, que se aglutinam e formam um, alguns casos mais outros menos democrático, coro. Quando juntas as vozes num "produto" final, junta-se a terceira voz: a do coletivo dos espectadores. Essa troca politica, penso, é para a maior parte dos artistas de teatro, o prazer insubstituível e melhor do ato artístico. É o teatro que nasceu do coro grego, de Tespis em sua carroça itinerante "juntando gente" para "dar a se ver" à outras gentes. Divago aleatoriamente sobre isso, por que me ocorre de momento a grande agonia de estudantes de teatro, atores principalmente, que ao saírem das academias querem somente atuar(e a grande agonia que foi e está sendo pra mim nesse momento!). Formar seus grupos é a maneira talvez, mais "fácil" de embrenhar-se nessa aventura, que é a profissão artística, a profissão do ator. Queremos um grupo para ter uma identidade. Queremos um grupo para construirmos uma linguagem que nos associe. Queremos um grupo para juntar forças e dividir ações. Queremos um grupo pois ali teremos um chão para falar, e com mais gente o caminho talvez seja menos árduo. Mas o grupo traz um tempo. O seu tempo. E disso ele não pode escapar.O tempo de um grupo vai se ruindo quando os desejos das vozes singulares do coro, já não desejam no coletivo. Já não desejam juntos. O tempo se esfacela, quando os desejos são opostos, não opostos artisticamente, mas opostos de vontades.Assim, grupos acabam, novos se formam. E cada vez certifico-me mais de que o teatro é o lugar do grupo, do coro, das vozes, dos desejos, das vontades enfim.

24.4.08

Promoçao do Hedda Gabler

Pessoal, recebi este e.mail da produçào do espetáculo Hedda Gabler. Quem estiver interessado, me procure ou mande e.mail. Podíamos concentrar na quarta-feira, dia 30, mas como será o último dia, tv seja preciso avisar a eles antes. Beatriz

Conforme conversamos ao telefone, a Barata Comunicação está finalizando a temporada do espetáculo Hedda Gabler de Ibsen, com direção de Walter Lima Jr., com Virginia Cavendish e Camilla Amado no elenco. O espetáculo está em cartaz no Teatro Leblon (Sala Marília Pêra), terças e quartas às 20:00h. até o final do mês de abril.

Estamos reservando as quatro últimas apresentações (dos dias 22, 23, 29 e 30 de abril) também para alunos de escolas de Teatro, oferecendo aos mesmos o ingresso no valor de R$ 15,00 (valor menor do que a meia entrada, uma vez que o ingresso inteiro custa R$ 35,00).

Gostaríamos de saber se existe o interresse da UNI RIO em fechar um grupo de alunos para prestigiarem o espetáculo.

15.4.08

DVD de Tambours sur la digue

Amigos, já deixei o DVD para os que puderem/quiserem assistir na quarta-feira,14,30 na sala do audiovisual. O espetáculo é em francês com legenda em inglês. Como é um espetáculo altamente visual, creio que os obstáculos de língua podem ser superados. Bjs, Beá

TAMBOURS SUR LA DIGUE

Sous forme de pièce ancienne pour marionnettes jouée par des acteurs
de Hélène Cixous

Musique de Jean-Jacques Lemêtre

Mise en scène Ariane Mnouchkine

Création à la Cartoucherie le 15 septembre 1999

Ce spectacle est dédié à Paul Puaux et à Jacques Lecoq

11.4.08

Serviço de Utilidade ao Acadêmico

Essas duas páginas, linkadas abaixo, são para ajudar você que, assim como eu, entra em pânico na hora de finalizar um trabalho acadêmico. O problema para preencher aquela parte que diz "BIBLIOGRAFIA" acabou por hora. Dá um pulo nessas duas páginas aí e não passe mais aperto.


"Ok, terminei meu trabalho de CTE. Meu Deus!!! Como eu coloco mesmo a bibliografia?"

8.4.08

TEATRO SEM PALAVRAS

Os atores André Curti e Artur Ribeiro em cena no espetáculo Saudades em Terras D'Água.


Por Raphael Cassou

Uma das grandes questões que envolvem o Teatro em nossos dias é a relação existente entre a escrita e a oralidade e as suas formas de transmissão, como aponta Roger Chartier em seu livro "Do Palco à Página" no qual o autor faz um amplo estudo a respeito das transformações sofridas pelo texto e pela cena ao longo dos tempos. A questão é procurar entender a importância do texto para o Teatro e vice-versa. Durante muitos anos o teatro viveu sobre a ditadura do texto, onde se privilegiava a escrita sendo a encenação relegada ao segundo escalão. Relação esta que foi duramente questionada pelos teóricos, estudiosos e profissionais do metiê teatral ao longo do século XX. Apesar da palavra escrita ter perdido sua importância, ou melhor, ter se transformado em mais um dos elementos que compõe a encenação, ela ainda continua muito presente na grande maioria das peças que costumamos acompanhar. Raro são as oportunidades nas quais se pode perceber que o texto nem sempre é essencial a uma encenação. Eu mesmo não acreditava, até a bem pouco tempo atrás, que era possível, em Teatro, contar uma história sem a utilização do recurso textual. Esse panorama mudou quando descobri o trabalho da Cia. Dos à deux. Que em turnê pelo Brasil, realizou uma série de apresentações e workshops divulgando o seu trabalho com o Teatro Gestual. Segundo a definição de Patrice Pavis em seu Dicionário de Teatro, teatro gestual é aquele que privilegia o gestual e a expressão corporal sem, todavia, excluir a música, a fala e os mais diversos recursos cênicos imagináveis. Ainda de acordo com Pavis, este gênero procura evitar o teatro de texto, bem como a mímica. A construção da fala, da frase e da voz estão todas calcadas na utilização máxima do gesto expressivo para que se consiga atingir um determinado fim. Essa é exatamente a tônica do trabalho da Cia. Dos à deux, buscar na gestualidade todo o potencial cênico, coreográfico e dramático, aliando técnicas do teatro oriental como o Nô, o Butô e danças balinesas entre outras. A Dos à deux foi criada em 1997, na França, pelos atores André Curti e Artur Ribeiro. O nome da companhia surgiu a partir do primeiro trabalho da dupla, que teve como inspiração o texto Esperando Godot, de Samuel Beckett.
O mais recente trabalho da trupe - Saudades em Terras d'Água - aborda a temática da imigração e da condição do imigrante, e nos conta a história de uma mãe e seu filho, habitantes isolados no meio de um mar azul-infinito. As personagens vivem uma existência simples, quase arcaica. Um dia, a mãe, preocupada com a continuidade dessa vida, parte em busca de uma mulher para seu filho. A mulher vem de uma outra terra, distante. Os três aprendem a se conhecer e vão construindo seu espaço, apesar de conflitos e confrontos. Aos poucos, uma relação de afeto certamente nasce entre eles. Nada devia perturbar este equilíbrio conquistado em tempos remotos. Só que, um dia, a água que os cercava desaparece, seca. A água se transforma em terra e a partir de agora em um novo ambiente, desconhecido para os três, novos desafios se apresentam.
A peça foi concebida no ano de 2005 e, no ano seguinte, excursionou pelo Brasil em temporada, visitando diversas cidades brasileiras como São Paulo, Belo Horizonte e Santos. No Rio de Janeiro esteve em cartaz, por dois meses, no Teatro II do Centro Cultural do Banco do Brasil. Nesta oportunidade tive a imensa felicidade de conhecer e encontrar os dois atores e realizar com eles um workshop para conhecer a forma como são construídos os espetáculo da companhia e sua metodologia de trabalho. O processo de criação começa a partir da eleição de um tema por André Curti e André Ribeiro. A partir daí, começam os trabalhos de adaptação corporal, através de exercícios de teatro e dança que são repetidos à exaustão em busca da perfeição gestual.
O fato é que o trabalho realizado pela Dos à Deux revela que é possível sim contar uma bela história e não utilizar do recurso da fala. E que de maneira alguma isso indique a ausência de um texto a ser seguido. O texto dramatúrgico está presente o tempo todo da encenação, ele apenas não é verbalizado. Existe uma enorme disponibilidade corporal dos atores à serviço da teatralidade em busca da arte total, termo cunhado pelos próprios atores que associa, sem distinção, escritura coreográfica e escritura teatral, narrando uma história por meio do gesto coreografado. O gesto das personagens funciona como veículo para as emoções e os sentimentos, contribuindo para a dramaturgia.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARTIER, Roger. Do palco à página. Trad. Bruno Pfeifer. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002.

PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.

LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. Trad. Pedro Süssekind. São Paulo: Cosaf e Naif, 2007.

http://www.dosadeux.com Acesso em 05 de abril de 2008.

6.4.08

O presente do vazio

por Dâmaris Grün

Este ensaio se propõe a entender o espaço vazio que o encenador inglês, Peter Brook, desenvolveu e discute ao longo de sua trajetória enquanto homem de teatro que é. A partir da problematização do palco italiano,palco que perdurou durante muitos anos na tradição teatral do ocidente, o século XX com seus encenadores arrojados e buscando o novo, trouxe outras formas de relação cena/platéia. Peter Brook vai a fundo nessa questão quando discute a essência do teatro como arte viva e exclusivamente do presente. O teatro acontece no aqui e agora e isso talvez seja uma das poucas certezas que temos a cerca dele, e que conquistamos ao longo dos anos. Quando vamos ao teatro queremos antes de tudo ver. A visão é primordial nessa arte. E o que vemos no espaço vazio que Brook desenvolve com sua companhia? É justamente aquilo que podemos ver o que nossa imaginação mais fortemente pode vislumbrar e compartilhar com os atores em cena. Há, aí, uma questão de cumplicidade, onde a participação da platéia em um espetáculo não reside no simples fato de “ser chamada em cena aberta”, mas de compartilhar as questões que o ator propõe, as imagens que quer materializar em cena. Nas palavras do próprio Brook “a participação do público consiste em ser cúmplice da ação e aceitar que uma garrafa de vidro se torne a Torre de Pisa”. Eis a questão crucial e que me instiga sempre que procuro algum espetáculo para assistir: a cumplicidade de ações entre os que fazem a cena e os que chegam para complementá-la, que é a minha relação direta ou indiretamente com o que vejo e sinto, das muitas maneiras que pode se concretizar essa relação. O encenador inglês propõe justamente esse jogo. Seu famoso espaço vazio é um lugar livre, aberto, onde todas as convenções são possíveis naquele espaço e tempo. Esse espaço livre é aquele que não possui as formas rígidas de antemão, e consequentemente é onde nós podemos exercitar nossa imaginação, onde ficamos mais atentos e participativos. Por que tudo em cena é visto e percebido de alguma maneira, por menor que seja a ação. Pois bem, o espaço vazio faz com que meu corpo se desloque para cena e eu procure coisas, visões onde aparentemente não há nada.

O que me proponho então, nesse ensaio, é fazer um resgate da encenação de LA TRAGEDIE DU HAMLET, que assisti no ano de 2002, ano que eu começava a fazer teatro e que vinha a constatar que nada sabia que o “buraco era muito mais em baixo”, nessa arte tão apaixonante. Não sabia patavina do encenador que fora ver. Só sabia que se tratava de Peter Brook, de um grande diretor de teatro do século XX, e como estudante de teatro deveria assistir aos espetáculos dele, (mesmo que na galeria do Carlos Gomes, sem ar condicionado, e com uma legenda acima do palco, tão desconfortável para o pescoço, vista e tudo o mais) enfim, que era algo imperdível. Pois bem, lá fui eu toda contente ver um grande espetáculo de teatro, um show internacional de fato. Quando entrei no teatro, a primeira coisa que percebi foi o tal espaço vazio. Apenas um tapete vermelho no chão, e instrumentos de percussão ao lado. Como assistir um Shakespeare, uma tragédia como Hamlet , sem um cenário qualquer? A minha dúvida foi sanada a primeira entrada do ator negro que fazia o príncipe da Dinamarca. Seu estado de alma era tão intenso, tão perturbador e verdadeiro, que aquilo que procurava materialmente de cenário, figurino ideal, se concretizava em sentimento e estado de um ator em relação com o tapete, em relação direta comigo. E isso que eu estava à milhas de distância, e no alto da galeria de um tradicional teatro de caixa preta. A ação era visível. A cumplicidade se fez em frente aos meus olhos, entrando por canais sensíveis que até então nunca tinha experimentado enquanto espectadora. Daí em diante, a conexão ator com sua vida interior, ator com seus colegas de cena, ator com seu público, me encantou e fez minha imaginação trabalhar no espaço “que nada tinha” mas muito dizia. Com essa experiência brookiana, entendi que TUDO em teatro é permitido, que todas as relações, convenções são capazes de concretizar-se em imagens, sentimentos, e palavras. Mesmo com o texto me escapando de vez em quando, estava difícil ler a legenda lenta e simultaneamente ver o que se passava em cena, o calor insuportável, e aqueles atores de realidades e contextos sociais, culturais tão diferentes do meu, vibrei com a cena dos coveiros fazendo de varas, pás, com uma doce Ofélia levemente perdida, com um Hamlet de preto e preto, que morre de uma forma nada convencional para minha tão limitada idéia de como seria uma morte numa tragédia shakespeariana. Durante mais ou menos três horas, estive no mesmo contexto proposto pela encenação, estive junto com eles numa relação de jogo intenso e vida diferente da vida cotidiana. Uma vida que é mais intensa e vívida que a rotineira, pois concentrada num tempo e espaço “limitado”.
Saí do teatro leve. Buscando questões que até então nem sequer ousava buscar. Buscando perceber que teatro era o que eu queria pra minha vida, que atriz queria ser. Saí com a certeza de que é preciso um teatro pautado nas relações entre os homens, que nada substitui o ser humano nessa arte feita com seres humanos. A partir daí, quis um teatro do presente momento, nem do passado nem do futuro, mas do acontecimento real do aqui e agora de fato e tão complexo.

Recebi esse artigo por e-mail de um amigo. (estou postando uma parte porque é bem grande, mas posso enviar por e-mail para quem quiser) Achei muito pertinente, pois fala justamente da utilização na prática, da tecnologia e suas facilidades de propagação pela internet. É muito interessante perceber como: “a forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo em que seu modo de existência”, é o que diz Walter Benjamin, em seu “ A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” O que me trouxe uma questão: o que esses jovens estão fazendo nas periferias da França, não seria se expressar artisticamente?

Periferias da França se armam de câmeras. Exasperados com os estereótipos sobre a periferia mostrados na televisão, jovens das chamadas "cités" tomam o poder midiático. Com humor ou sátira, ternura ou raiva, eles descrevem em vídeo seu cotidiano.

Pascale Krémer

Reformulemos os clichês. Na periferia, os jovens não rodam só sobre a cabeça, no estilo hip-hop. Eles também rodam filmes. Médias, curtas, supercurtas metragens de ficção, mas também documentários e reportagens.
Vendidos em forma de DVD, e principalmente divulgados de graça em sites da internet, que às vezes parecem verdadeiros canais de TV na Web, em videoblogs ou sites de compartilhamento como Dailymotion... Qualquer que seja a forma e o suporte final, com modos de organização variados (coletivo informal, associação, ateliê de centro cultural municipal), a criação de vídeo ferve nas periferias. Depois do esporte, da música, da moda, a idéia de que é possível se exprimir, ganhar um reconhecimento social -e por que não?, a vida- graças ao audiovisual toma corpo. Prova disso é a oferta atual de diversos festivais de curta-metragem na França. Como o Regards Jeunes sur la Cité, do Oroleis (estrutura afiliada à Liga do Ensino): 120 curtas sobre os bairros em
competição, "porque não podemos receber mais", explicam. "Mas há cada vez mais criações, cuja qualidade melhora a cada ano." Não é preciso procurar muito para encontrar os principais motivos desse entusiasmo. As ferramentas, câmeras digitais e software de edição se democratizaram, seus preços desabaram e sua utilização foi
simplificada ao extremo.

Morador de Paris é visto através de janela de supermercado, danificada por ataque. A força da imagem.
Outra evidência: os jovens das periferias, como todos os outros, pertencem à geração da imagem, onipresente em seu cotidiano - televisão, videogames, internet, celulares... Ela é sua forma de expressão natural, enquanto a escrita muitas vezes os desanima. É preciso, por exemplo, entender como o coletivo En Attendant Demain [Esperando o amanhã], da periferia de Bordeaux, concebe suas engraçadas minificções: "Nós contamos situações. Improvisamos, os diálogos surgem. Filmamos. Depois transcrevemos. E depois filmamos para valer. Porque se começarmos diretamente pelo texto, isso exclui alguns jovens".

Reconquista de uma linguagem que não é a do ensino tradicional, e da qual eles captaram toda a força. Mas também trabalhos com benefícios terapêuticos para sua própria imagem, afim de contrabalançar a veiculada nas mídias. A campanha presidencial de 2002, em que a temática da insegurança foi tão presente, e sobretudo os tumultos do outono de 2005 e depois 2007, deixaram marcas. Desilusão, desconfiança no melhor dos casos, desprezo muitas vezes, ou mesmo franca hostilidade: os jovens das "cités", que têm a impressão de serem incessantemente estigmatizados, não cultivam em relação à mídia, e principalmente a televisão, os melhores sentimentos. Um deles, hoje autor de reportagens, resume, lapidar e definitivo: "O jornalista é alguém que vai contar idiotices sobre os jovens, que os trai. Como o policial".

Exasperação.
Passando para trás da câmera, eles se reapropriam de sua imagem. Porque esperar uma evolução na qual não acreditam mais, quando podem criar suas próprias mídias alternativas? "Depois de 2005, dissemos chega, não deixaríamos mais que falassem da gente daquele jeito, de uma maneira prejudicial, violenta! Que a palavra devia vir de dentro", afirma Ernesto Oña, do coletivo En Attendant Demain. "Sabemos que hoje a imagem é o poder. A grande mídia. Daí a idéia de nos apoderarmos dela, de tomar o
controle. É um ato político. Uma espécie de golpe!" ...

Belos casos de sucesso individual.

Uma verdadeira criatividade artística entre os jovens. Em suma, tantos temas positivos que, sob o fogo da crítica, as próprias mídias clássicas começam a propor. Mas o que marca nessa produção de vídeo que deveria restabelecer uma espécie de verdade sobre a
periferia é o humor, o formidável sentido de autozombaria com o qual são tratadas as questões, aliás onipresentes, da discriminação e da exclusão social. Os jovens não se apresentam obrigatoriamente como vítimas da sociedade. A autocrítica domina. "O humor é o fundo do desespero. Rimos de nossas próprias tristezas porque se não rirmos enlouquecemos. É kafkiana a vida na periferia, é de enlouquecer! E depois é melhor fazer os outros rirem do que culpá-los, isso os toca mais: já os faz entrar em nosso universo. De repente, temos algo em comum", entusiasma-se um dos fundadores do
coletivo En Attendant Demain, que produz pequenos quadros cômicos da vida no bairro -onde os jovens aparecem sob uma luz pouco lisonjeira mas terrivelmente humana.

Humor e ironia
Rimos francamente desde o início desse documentário (De la Cité à la Campagne) de CitéArt, associação de Vigneux-sur-Seine (Essonne), quando os jovens instalados em um carro para ir filmar no interior percebem de repente que nenhum deles tem carteira de motorista. Ou diante do videoblog dos Shaolyn Gen-Zu (no site www.vsd.fr). Esses cinco "rappers" de Clichy-Montfermeil (Seine-Saint-Denis) se filmam em suas cansativas tribulações cotidianas para divulgar seu disco: seus atrasos patológicos
("Que horas são? Mas que horas são?", um deles se enerva, no escuro, fechado em um armário por seus colegas exasperados por tê-lo esperado demais). A venda do CD sobre caixotes no mercado. A turnê pelas Fnac da França para colocar seu disco ("Todas as Fnac nos dizem para procurar outra Fnac. Mas, bom, a gente não sossega!"). Seu show na Festa do l'Humanité, na entrada da qual eles não conseguem convencer ninguém de que são artistas esperados. E onde se pode almoçar um menu de ostras e lagostim. "32 euros! 32 euros por camarões?" Cúmulo da ironia: a televisão, que involuntariamente provocou todas essas novas vocações, começa a se interessar de perto por essa produção. Recentemente, a TF1 anunciou a intenção de procurar na periferia jovens roteiristas e diretores de talento. O Canal+ localizou a equipe do Em Attendant Demain e encomendou três ficções de 26 minutos, que transmitirá em junho. Um belo começo de revanche para a periferia.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


É por isso que eu adoro a internet...

Já que foi discutido em sala a possibilidade de vermos algum filme do Peter Brook, deixo aqui minha contribuição para dar água na boca.

MARAT/SADE by PETER BROOK

Navegar é Preciso...


Navegando pelo blog do Mário Bortolotto, coisa que eu faço sempre e recomendo, acabei encontrando um blog que é especializado em quadrinhos. Talvez a grande maioria da turma, não se ligue neste tipo de arte. Sim, revista em quadrinho é uma forma de arte! Tem até um nome bacana que arranjaram, ARTE SEQUÊNCIAL. Pra mim, vai continuar a ser o bom e velho gibi. Claro, que a medida que envelhecemos os interesses passam a ser outros. Uma história da Turma da Mônica já não tem o mesmo sabor que costumava ter há alguns anos, embora não deixe de ler uma que por ventura me caia nas mãos. Leio até mesmo por uma questão afetiva. Coisa de saudosismo da infância, sei lá.
Mas retomando, hoje a arte sequêncial produz alguns títulos muito interessantes voltados para nós os “adultos” e, não é a toa que o filão vem sendo explorado pelo cinema à exaustão. Exemplo disso é que só para esse ano estão programadas as estréias de The Dark Knigth, o novo filme do Batman que vai valer a pena ser visto por se tratar do último trabalho do ator Heath Ledger, falecido recentemente. E ainda as estréias de Iron Man e o novo filme do Hulk.
Ok, você pode até dizer: mas, isso é Blockbuster, filme Holywoodiano, cinema-pipoca, etc. Pode até ser, mas mesmo para quem curte um filme-cabeça os quadrinhos dão conta do recado. Digo isso porque vale conferir o filme Persépolis, que mostra as aventuras e desventuras de uma jovem iraniana que vai viver na Áustria e sente na pele o choque entre as duas culturas, a islâmica e a européia.
O fato é que não podemos negar a importância dos quadrinhos, seja no Cinema ou até mesmo no Teatro. A nossa área, o Teatro, já se valeu deste material para montagens teatrais. É o caso das montagens de Pessoas Invisíveis do Grupo Armazém e o de Avenida Dropsie da Sutil Companhia de Teatro, isso só pra citar duas que me ocorreram agora. Ambas as peças foram montadas a partir dos quadrinhos de Will Eisner, quadrinista norte-americano que ficou conhecido mundialmente por sua série de quadrinhos do detetive-herói Spirit, lançados na década de 1940 e que faz sucesso até hoje. Em Avenida Dropsie e em Pessoas Invisíveis, Eisner retrata as suas impressões pessoais e experiências vividas por ele mesmo durante sua infância nos bairros pobres de Nova York, em meio às comunidades judaica, irlandesa e italiana. Quem teve a felicidade de ler essas histórias antes que elas fossem transpostas para o teatro teve uma grata surpresa ao reconhecer no palco as excelentes versões em carne e osso das personagens do autor norte-americano.

Mas todo esse texto foi uma boa desculpa para duas dicas:
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/index.html (o tal blog que eu encontrei na página do Bortolotto) e
http://www.willeisner.com/ (em inglês) para conhecer um pouco do trabalho do mestre Will Eisner.

Ps.: Ainda na página do Mário Bortolotto (www.atirenodramaturgo.zip.net) você vai encontrar dois trechos do livro "Reino do Medo” do escritor Hunter Thompson que vale a pena ler.

Artigo do NY Times

Um bom ensaio sobre "Gata em teto de zinco quente"de Tenneesee Wiliams, no nytimes, cruzando com a questão de raça. O NYTimes uma ótima fonte de consulta p. quem lê inglês.

o site é http://www.nytimes.com/2008/03/20/theater/20cat.html?th&emc=th

P. consultar o NYTimes, basta se cadatrar. id=DL_385388_3_392468 src="http://amch.questionmarket.com/adsc/d385388/3/392468/decide.php?lt=1206498037" type=text/javascript>

Ivana Bentes

Olá Turma! Também já estou devidamente cadastrada e para começar gostaria de contribuir com este artigo que encontrei enquanto navegava pelo site da Carta Capital ( www.cartacapital.com.br ), aliás, vale a pena ser conferido está repleto de artigos inteligentes e de bom humor! Achei o tema muito pertinente, já que uma de nossas discussões é justamente a utilização da internet como veículo de comunicação. Se deliciem...


O Cognitariado está chegando! Quê?

18/02/2008 16:04:49

Ivana Bentes
O que está por trás dessa recente conversão das TVs abertas em "defensoras do conteúdo brasileiro contra a pirataria"? Afinal de contas, a melhor defesa desses conteúdos seria exibir nossos filmes, vídeos, a produção independente na TV aberta comercial, de forma sistemática.

Mas não passam! E aí tome fechar rádios livres, criminalizar ou tirar do ar vídeos do You Tube, perseguir hackers e camelôs, se apropriarem do que é produzido livremente nos blogs e redes. Fenômenos que provam que é possível novas formas de produção, consumo e distribuição das informações e imagens. E que estão deixando a mídia tradicional desnorteada, pois não sabem como lidar com os novos “prossumidores” (neologismo para o consumidor ativo, que produz).

Nas campanhas da TV contra a pirataria (DVD pirata, software pirata, rádio pirata!!!) , na novela das oito, nos editoriais, a mídia tenta angariar simpatia dos criadores e produtores de cultura, supostamente "lesados" em seus direitos autorais, com uma estratégia bem pouco inteligente, que se recusa discutir o que tem que ser discutido: a crise estrutural do capitalismo da exclusividade e da restrição da produção e circulação de bens culturais, que de “escassos e caros” agora podem ser produzidos e reproduzidos aos milhares em DVDs, CDs, MP3, MP4, digital.

É que estamos no meio de uma mutação cultural, emergência de uma Cultura Livre dentro do próprio “capitalismo cognitivo”, com ativistas no mundo todo trabalhando pelo barateamento cada vez maior dos meios de produção cultural e o fortalecimento das trocas e redes colaborativas.

Camelôs, artistas, estudantes, programadores, profissionais da informação, designers, formam o novo “precariado”, ou melhor, o novo “cognitariado”, pois trabalham com a produção “imaterial” e difusão de conhecimentos, um valor que pode ser partilhado pela multidão, por qualquer um.

Esse cognitariado aumenta a sua produtividade social passando por cima da legalidade burra. A legalidade improdutiva, que impede a explosão da produção social, em qualquer área. Que quer barrar os fluxos, com licenças, senhas, bloqueadores que impedem o rio-corrente das informações, tecnologias, invenções.

Mas como criminalizar downloads de música quando milhares de Ipods são distribuídos em palito de picolé? Com zilhões de gravadores e duplicadores de DVDs e CDs, câmeras na mão de cada vez mais gente? Quem vai pagar R$ 50 reais quando um CD ou DVD virgem custa centavos?

A crise do direito autoral é a crise do capitalismo privatista. É só pesquisar as novas formas flexíveis de direito autoral que vão do “todos os direitos reservados” até o copyleft (o contrário do copyright) que libera radicalmente os direitos para seu uso livre, para perceber essa mutação histórica.

Afinal, os primeiros a desqualificar o direito autoral são as gravadoras, as editoras, as TVs que pagam pouco aos criadores e lucram muito. A pirataria, a cópia, a circulação social, já está (ou deveria estar) embutida nos lucros da indústria,

A Microsoft, as gravadoras, os editores de livros, a indústria cultural brasileira, vão falir? Provavelmente não, vão tentar inventar novas formas de ganhar dinheiro, vão fazer "reengenharia" (ou seja lá o que for) para reestruturarem a forma "cara" de produzir.

O preço abusivo dos produtos culturais atuais tem a ver com a forma antiga de produção, fordista, agigantada, fabril. Mas a fábrica tradicional está em crise, acabou. Nos Estados Unidos, o sistema de estúdios, os contratos de exclusividade com atores, faliu nos anos 50! Não pode vender produto com preço da fábrica capitalista fordista, num sistema em que toda a produção barateou. Menos o produto final!

Sinal dos tempos, a fábrica dos filmes e máquinas Polaroides, com sua inesquecível moldura branca e um único original, a foto instantânea que saía da máquina com a imagem se formando diante dos olhos do fotógrafo em suspense, está fechando as portas. Pois afinal, as imagens hoje nem precisam ser impressas, circulam velozmente pelas telas dos computadores, para serem vistas, no computador, nas telas, no celular, voláteis e imateriais. Quem ainda imprime fotografias?

A propriedade intelectual e o direito autoral não vão acabar, vão ter que ser repensados! Estão em crise no capitalismo da reprodutibilidade técnica, no capitalismo do imaterial, em que é barato produzir. É barato fazer circular! É barato copiar e compartilhar.

A velha forma do lucro, em cima da venda exclusiva de milhões de "originais" está em crise em um capitalismo que não funciona mais com a escassez, mas com a facilidade e abundância, com a reprodutibilidade técnica máxima, amadora, fácil, com os meios de produção disseminados socialmente. Com o P2P, com as redes colaborativas, a internet, a telefonia móvel, o digital.

Ou seja, como criminalizar toda uma cultura nova, do compatilhamento da duplicação, da difusão, como isso pode ser "ilegal"?

Jovens no mundo todo trocam seus arquivos de música, filmes, vídeos, pelo computador. Que corporação, que moralidade vai impedir essa forma de compartilhar o imaterial? Perguntem o que esses usuários pensam da "pirataria". Estão é se engajando nos novos movimentos, fazendo micropolitica sem sair do quarto de dormir, pela livre circulação e distribuição do conhecimento. Capturar, compartilhar, disseminar. Movimentos viróticos.

Ciberativismo, Copyleft, Cognitariado, Precariado, Cultura Livre, livres capturas pelas redes....dispositivos, estética, essas são algumas das senhas de acesso para a coluna que está começando. Pode logar!

*Ivana Bentes é pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ, participa da rede Universidade Nômade

Ivana Bentes

Coluna Capturas


Denise Stoklos

Oi pessoal, olhem este e.mail que recebi da Denise Stoklos.

Será que alguém pode ajudar na procura destes trabalhos?

Cara Beatriz Resende

Estive zapeando na internet o meu nome e apareceu um ótimo trabalho de Francine Jallageas
no PACC.

Percebi que meu email constante para a UFRJ é um que há tempos está desativado (stoklos@alternex.com.br), se puder atualizar, este o meu email atual:
denise@denisestoklos.com.br

Outra assunto: é possível você me indicar quais seriam outros trabalhos sobre meu Teatro Essencial que por acaso constam de seus arquivos? Sei, por exemplo, sobre o do Pedro Brício, mas não o conheço o de Luisa Duarte e outros que me disseram pessoalmente, terem escrito algo, e que não sei te informar se foi já na UFRJ ou não...
Será que você poderia me orientar como devo fazer para ter acesso aos trabalhos que enfoquem o Teatro Essencial? São trabalhos literários de extremo valor para mim.

Muito obrigada,
Denise Stoklos

http://www.denisestoklos.com.br
denise@denisestoklos.com.br
telefones: (11) 3815-8929 e (11) 83819672

Blog do Mario Bortolotto


Vale a pena conferir o site do Mário Bostolotto: atire no dramaturgo

http://atirenodramaturgo.zip.net/

5.4.08

Crítica Teatral Ensaística

Crítica Teatral Ensaística

Este blog será parte das atividades da disciplina Crítica Teatral Ensaística de que sou professora neste 1o. semestre de 2008 na Escola de Teatro da UNIRIO.

É claro que só vai funcionar se todo mundo ajudar. Se der certo nossas aulas poderão ser mais interessantes e nós todos começaremos a ser, de fato, críticos teatrais, divulgando imediatamente os trabalhos realizados, comentando a cena carioca, dando opiniões, concordando ou discordando.

Vamos tentar!

Beatriz Resende